Quando alguém ganha dinheiro de forma ilícita – seja com tráfico, corrupção ou fraude – ele precisa “limpar” esse valor para poder usar sem chamar atenção. Esse processo é chamado de lavagem de dinheiro. No Brasil, o crime tem impactos gigantescos na economia e na segurança pública.
Os criminosos costumam dividir o processo em três fases: colocação, estratificação e integração. Primeiro, eles colocam o dinheiro sujo no sistema financeiro, usando contas de empresas-fantasma, compra de bens de alto valor ou até jogos de azar. Depois, criam camadas de transações – transferindo entre bancos, investindo em imóveis ou em startups – para dificultar o rastro. Por fim, o dinheiro volta ao crime como se fosse lucro legítimo, permitindo que o infrator o gaste livremente.
Alguns meios são bem conhecidos: compra de terrenos e imóveis, especialmente em áreas em desenvolvimento; investimentos em negócios de fachada, como empresas de limpeza ou importação; e uso de carteiras digitais ou criptomoedas para mover recursos rapidamente. O uso de lobbies e doações a campanhas políticas também pode servir de “camuflagem”.
O governo tem leis específicas – a Lei nº 9.613/98, conhecida como Lei de Lavagem de Dinheiro – que obriga bancos e corretoras a monitorar operações suspeitas e reportar ao COAF (atual Autoridade Nacional de Combate à Corrupção). As penas podem chegar a até 10 anos de prisão e multas que ultrapassam o valor do crime.
Mas não é só o Estado que age. Muitas vezes, empresas legítimas acabam envolvidas sem saber, quando parceiros de negócios são usados como “canais”. Por isso, a due diligence – a verificação detalhada de clientes e fornecedores – virou prática essencial em bancos, imobiliárias e plataformas de investimento.
Para o cidadão comum, identificar sinais de lavagem pode ser mais simples do que parece. Desconfie de transações que pareçam fora do padrão, como pagamentos muito altos para serviços inexistentes ou compras de bens de luxo sem justificativa. Se notar algo suspeito, denuncie ao Ministério Público ou à ouvidoria da Receita Federal.
Além de denunciar, proteger suas finanças pessoais ajuda a evitar ser usado como “lavador”. Mantenha registros claros de suas movimentações, evite participar de negócios que não forneçam documentação e não compartilhe informações bancárias em redes sociais.
Em resumo, a lavagem de dinheiro é um ciclo que transforma crime em lucro aparente, mas que deixa pegadas. O conhecimento das etapas, das técnicas usadas no Brasil e das ferramentas legais disponíveis faz a diferença entre ser vítima ou colaborador involuntário. Fique atento, pergunte quando algo não bater e ajude a cortar esse caminho sujo que prejudica a todos.
O STJ aceitou um novo pedido de habeas corpus para Solange Bezerra, mãe da influenciadora e advogada Deolane Bezerra, flexibilizando suas condições de prisão. Ambas foram presas na operação 'Integração' que investiga lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Deolane, inicialmente em prisão domiciliar, foi reconduzida à prisão após violar os termos de sua liberação.