Quando Mariana Becker, repórter de esportes da Band embarcou rumo a Singapura para cobrir o Grande Prêmio de SingapuraSingapura, a equipe de produção da emissora decidiu parar de trabalhar. O motivo? Atrasos nos pagamentos de custos de produção que já vinham se acumulando desde que a Banda assumiu os direitos da Fórmula 1 no Brasil, em 2021. O impasse, relatado inicialmente por Julianne Cerasoli do UOL, deixou o público brasileiro sem a cobertura exclusiva que costuma acompanhar as corridas.
Contexto histórico da transmissão da F1 pela Band
Desde que adquiriu os direitos de transmissão da Fórmula 1 em janeiro de 2021, a Band tem investido em equipes externas para garantir produção local em cada Grande Prêmio. Esse modelo, embora caro, permite ângulos exclusivos, entrevistas com pilotos e bastidores que diferenciam a emissora das demais. Porém, os contratos sempre incluíram pagamentos escalonados que dependem de transferências bancárias internacionais – um ponto vulnerável que já causou atrasos pontuais.
Em 2022, por exemplo, houve um pequeno descompasso de duas semanas nas transferências para a produtora suíça WorldSport Productions. Na época, a equipe conseguiu contornar a situação, mas o episódio plantou a semente de um problema estrutural que viria à tona em 2025.
O impasse em Singapura: detalhes do acontecido
Na tarde de 2 de outubro de 2025, pouco antes da abertura dos treinos livres, a produtora terceirizada que fornece câmeras e equipes de apoio em locais fora do Brasil enviou um ultimato à Band: 30 horas para quitar todas as pendências financeiras referentes ao GP de Singapura. O prazo expirava quando Gianfranco Marchese, diretor de fotografia, e o produtor Lucas Brito ainda não haviam embarcado.
Com os fundos ainda retidos em contas brasileiras, a produtora decidiu suspender os serviços. A decisão foi comunicada por telefone ao redor das 18h, horário de Singapore, e, segundo fontes de Motorsport.com, deixou a equipe de transmissão brasileira sem equipamento de captação local, além de impedir a realização de entrevistas espontâneas com pilotos e equipes.
Curiosamente, o salário de Mariana Becker estava em dia, de modo que a jornalista já estava a bordo do voo para Singapura quando o aviso chegou. Enquanto isso, Gianfranco Marchese e Lucas Brito tiveram que cancelar a viagem, ficando “no limbo” até que a situação fosse resolvida.
Reações de envolvidos e declarações oficiais
Representantes da Band não responderam a solicitações de comentários de mídia nos dias seguintes, gerando especulação sobre a gravidade do problema financeiro. Já a diretoria da produtora terceirizada divulgou um comunicado breve, dizendo que "os pagamentos são parte essencial de um contrato de produção e o não cumprimento compromete a integridade da cobertura jornalística".
Em entrevista ao portal UOL, Julianne Cerasoli ressaltou que "a banda de atrasos já era conhecida, mas nunca havia chegado a um ponto de paralisação total". Ela ainda apontou que a falta de transparência nos repasses pode afetar a credibilidade da emissora perante anunciantes e fãs.
Impacto direto no público brasileiro
Para o telespectador, a consequência foi imediata: o feed das corridas passou a ser o mesmo usado por canais internacionais, sem a inserção de gráficos, análises e, principalmente, entrevistas em português. O resultado foi uma transmissão que pareceu "genérica" – um sentimento compartilhado nas redes sociais, onde hashtags como #BandF1 e #GPdeSingapura ganharam centenas de menções.
Especialistas de mídia apontam que a perda de exclusividade pode reduzir a audiência média em cerca de 12%, número que ainda será confirmado pelos dados de rating da Band. Ademais, a ausência de conteúdo local pode desencorajar patrocinadores que buscam maior engajamento com o público brasileiro.
Perspectivas e próximos passos
Na manhã de 4 de outubro de 2025, durante o terceiro treino livre, Mariana Becker retornou ao ar, indicando que "algum acordo" havia sido firmado entre a emissora e a produtora. Ainda não há detalhes sobre o valor pago ou se novos prazos foram estabelecidos.
Analistas da TV Globo e da Folha de S.Paulo sugerem que a Band pode rever seu modelo de terceirização, talvez trazendo mais produção interna para evitar novos gargalos financeiros.
Enquanto isso, a Fórmula 1 seguirá seu calendário global, mas o episódio deixa uma lição sobre a complexidade dos contratos transnacionais no esporte.
Antecedentes e lições aprendidas
Historicamente, grandes eventos esportivos – como as Olimpíadas de Rio 2016 ou a Copa do Mundo de 2014 – mostraram que atrasos de pagamento a fornecedores podem gerar protestos e, em casos extremos, interrupções nas transmissões. O que diferencia o caso da Band é a alta visibilidade da F1, que depende de cobertura quase em tempo real.
Portanto, a indústria está atenta: contratos mais claros, garantias bancárias e cláusulas de penalidade podem se tornar padrão nos próximos anos, especialmente em nichos de alta produção como o automobilismo.
Perguntas Frequentes
Por que a equipe de produção recusou trabalhar no GP de Singapura?
A produtora terceirizada exigiu o pagamento total dos custos acordados, mas a Band não cumpriu o prazo de 30 horas estabelecido, levando a equipe a suspender o serviço para proteger seu contrato.
Qual foi o impacto imediato para os telespectadores brasileiros?
A transmissão passou a depender exclusivamente do feed internacional, sem entrevistas, imagens exclusivas ou análises em português, reduzindo a experiência e possivelmente a audiência em cerca de 10% a 12%.
A emissora chegou a comentar oficialmente sobre o incidente?
Até o momento da publicação, a Band não emitiu declarações formais, o que gerou críticas por falta de transparência.
Quais medidas podem evitar que situações como essa se repitam?
Especialistas sugerem a adoção de garantias bancárias, pagamentos escalonados vinculados a marcos de produção e maior supervisão de contratos internacionais para garantir que fornecedores recebam os valores em tempo hábil.
O que aconteceu com os profissionais que ficaram sem viajar?
Gianfranco Marchese e Lucas Brito tiveram suas passagens canceladas e permaneceram no Brasil até que o acordo financeiro fosse concluído, retornando ao trabalho nas próximas edições da F1.
Comentários (16)
Raquel Sousa
outubro 6, 2025 AT 04:47
Mais um caso de incompetência da Band, sempre atrasando o que deve.
Thaissa Ferreira
outubro 9, 2025 AT 16:07
Atrasos refletem falhas de gestão; é essencial repensar o modelo de produção.
Miguel Barreto
outubro 11, 2025 AT 23:41
Concordo que a situação é frustrante, mas podemos esperar que a Band aprenda e melhore nos próximos contratos.
Caio Augusto
outubro 13, 2025 AT 17:21
De fato, a ausência de garantias bancárias tem sido causa recorrente de impasses financeiros, como demonstrado neste episódio da F1 em Singapura.
Erico Strond
outubro 16, 2025 AT 14:47
Galera, essa história da Band é um verdadeiro caos!!! 🚀💥 Os produtores ficaram na mão e a cobertura sumiu, né?
Trevor K
outubro 18, 2025 AT 00:07
Realmente, o impasse demonstra falta de organização; a Band deveria priorizar pagamentos pontuais para evitar prejuízos futuros.
Luis Fernando Magalhães Coutinho
outubro 20, 2025 AT 02:07
É inadmissível que uma emissora nacional deixe de cumprir obrigações contratuais, desprezando o trabalho dos profissionais e o direito dos fãs à informação.
Júlio Leão
outubro 21, 2025 AT 14:14
A situação é tão dramática que parece filme de tragédia corporativa; a Band está afundando em seu próprio lixo administrativo.
vania sufi
outubro 24, 2025 AT 00:34
Poxa, que pena pra quem curte F1, perder aquela cobertura diferenciada da Band.
Flavio Henrique
outubro 25, 2025 AT 23:47
Entretanto, cumpre observar que a responsabilidade pela falha recai não apenas sobre a emissora, mas igualmente sobre as estruturas de governança que permitem tais atrasos sistêmicos.
Victor Vila Nova
outubro 28, 2025 AT 12:54
Acredito que a solução passa por estabelecer garantias contratuais mais rigorosas, como depósitos em escrow, para assegurar que fornecedores recebam seus valores.
Ariadne Pereira Alves
outubro 30, 2025 AT 03:47
Concordo plenamente; mecanismos de escrow e cláusulas de penalidade são práticas recomendadas que podem mitigar riscos de inadimplência em produções internacionais.
Lilian Noda
novembro 1, 2025 AT 19:41
Não tem desculpa, a Band simplesmente não se preparou.
Ana Paula Choptian Gomes
novembro 3, 2025 AT 16:07
Devo salientar que, embora a crítica seja pertinente, deve‑se observar o contexto macroeconômico que também influencia a disponibilidade de recursos financeiros nas transmissões.
Carolina Carvalho
novembro 6, 2025 AT 13:34
A Band tem um histórico de atrasos que vêm se acumulando desde a aquisição dos direitos da Fórmula 1 em 2021.
Esses atrasos não são apenas administrativos, mas afetam diretamente a qualidade da cobertura oferecida ao público.
Em 2022, por exemplo, o pequeno descompasso de duas semanas na transferência para a WorldSport Productions já sinalizava fragilidades.
O caso de Singapura evidencia como a falta de pagamento pontual pode levar à suspensão total dos serviços de produção.
Os profissionais Gianfranco Marchese e Lucas Brito ficaram impedidos de viajar, o que demonstra o impacto humano desses impasses.
A revista UOL trouxe à tona a percepção de que a ‘banda de atrasos’ já era conhecida dentro da indústria.
Mesmo que o salário da repórter Mariana Becker estivesse em dia, a ausência de equipe de apoio comprometeu a transmissão.
A substituição do feed internacional pelo conteúdo padrão reduziu a identidade da cobertura brasileira.
Essa perda de exclusividade pode baixar a audiência em cerca de 12%, como apontam os especialistas.
Além disso, patrocinadores buscam engajamento local, o que pode ser prejudicado pela falta de conteúdo original.
A resposta da Band, ainda que tardia, indica que algum acordo foi firmado, porém detalhes permanecem obscuros.
Analistas sugerem que a emissora reveja seu modelo de terceirização, talvez internalizando parte da produção.
Tal mudança poderia diminuir dependências financeiras e melhorar a previsibilidade de pagamentos.
No cenário global, contratos mais claros, garantias bancárias e cláusulas de penalidade estão se tornando padrão.
Portanto, a lição aqui é que a gestão financeira eficiente é tão crucial quanto a própria cobertura esportiva.
Joseph Deed
novembro 7, 2025 AT 22:54
É triste ver esse ciclo de atrasos se perpetuar; a Band parece presa em um padrão de má gestão.
Talvez seja hora de repensar a estrutura de pagamentos para evitar novos desastres.