Em 2005, Sorocaba (São Paulo) ganhou o que muitos consideram um marco da fé católica na região: o Santuário de Santa Filomena. Hoje, o local recebe visitantes de várias partes do Brasil e até de países como Venezuela e Colômbia, que buscam oração, cura ou simplesmente um contato mais próximo com a história da mártir do século III.
História e origem do santuário
A ideia de ter um templo dedicado a Santa Filomena nasceu há cerca de duas décadas, quando José e Rosa de Cássia Piovani abriram a sala da sua casa no Jardim Abaeté para reunir pessoas interessadas na devoção. Pequenos grupos saíam de porta em porta, contando a história da santa, distribuindo folhetos e organizando novenas. Esse esforço comunitário ganhou força, e depois de sete anos a construção da estrutura atual começou.
O Padre Wagner Ruivo, que há 15 anos cuida da Paróquia São José, assumiu a direção espiritual do santuário. Ele costuma dizer que as conversões e pedidos de sacramentos que chegam ao santuário são prova viva da intercessão da santa, que “é uma flecha que aponta para Cristo”.
Para entender a importância da devoção, vale lembrar que Santa Filomena foi descoberta apenas em 1802, nas catacumbas de Priscila, em Roma. Entre os achados estavam ossos de uma menina de treze anos, uma ampola supostamente contendo seu sangue e inscrições latinas que diziam “Paz seja contigo, Filomena”. A partir de 1833, revelações privadas divulgaram a narrativa de que a jovem teria recusado casar-se com o imperador Diocleciano, preferindo a virgindade e a entrega a Jesus. Seu martírio, que incluiu 37 dias de tortura, foi marcado por milagres, como a aparição da Virgem Maria e a conversão do próprio carrasco.
Milagres e a vida de fé hoje
O ponto alto do santuário chegou em março de 2025, quando foi instalada uma estátua de quatro metros de altura — a maior imagem da santa no mundo. O presente foi de um devoto que agradecia as graças recebidas. O Padre Ruivo explica que a imponente figura tem o objetivo de “evangelizar as pessoas e mostrar que vale amar Cristo mais que a própria vida”.
Os relatos de curas são constantes. Edna Dias Castelhano e seu marido Antônio, responsáveis pela coordenação das atividades, já receberam peregrinos de lugares tão distantes quanto o Mato Grosso. Um caso que ganhou destaque foi o da aposentada Cristina Maciel dos Santos, que teve um tumor de pulmão desaparecendo durante a segunda sessão de quimioterapia, enquanto recitava a novena a Santa Filomena. Os médicos foram incapazes de explicar o remissão.
Mesmo após a reforma litúrgica de 1961, que retirou o nome de Santa Filomena do calendário oficial, a devoção não diminuiu. O santuário mantém um registro de milagres medicamente documentados, com laudos, exames e diagnósticos que são avaliados por profissionais de saúde. Muitos peregrinos chegam em busca de reconciliação, sacramentos ou simplesmente para agradecer por graças recebidas.
Além das celebrações litúrgicas, o Santuário de Santa Filomena realiza encontros de oração, retiros e atividades de caridade para a comunidade local. A combinação de fé viva, histórias de conversão e sinais de cura tem feito do lugar um verdadeiro polo de espiritualidade na América Latina.