Bombardeio atinge coração da comunicação iraniana e deixa mortos
O clima em Teerã, já marcado por tensão constante, se transformou em puro pânico no dia 17 de junho de 2025. Por volta das 13h, a sede da TV estatal iraniana foi atingida por um ataque aéreo israelense enquanto ainda estava no ar. Em poucos segundos, estúdios foram cobertos por fumaça e cacos de vidro, em pleno jornal ao vivo apresentado por Sahar Emami. A âncora interrompeu a transmissão no mesmo instante em que os equipamentos da emissora entraram em colapso. Ali, três profissionais da imprensa perderam a vida e outros ficaram feridos pelas explosões dentro do prédio histórico da radiodifusão iraniana.
Além do abalo simbólico – atingir o principal canal de comunicação do governo iraniano – o ataque escancarou o nível de precisão e ousadia das operações israelenses. As ondas de choque estilhaçaram janelas em torno de vários quarteirões do bairro universitário de Teerã, colocando em real risco funcionários, pacientes e familiares em três grandes hospitais das proximidades, incluindo um administrado pela Guarda Revolucionária. O local atingido não era apenas referência midiática; também estava próximo à sede da polícia metropolitana.
Momentos antes da ofensiva, cerca de 330 mil habitantes do centro da capital receberam alarmes nos celulares e alto-falantes, ecoando ordens claras de evacuação. Muitos nem sequer sabiam para onde correr, e o resultado foi uma avalanche de pessoas nas ruas, travando estradas e criando cenas de desespero. Relatos mostram famílias inteiras dormindo em veículos nos arredores da cidade, temendo novos bombardeios.
Reação em cadeia: mísseis, represálias e danos nas duas pontas
O ataque não foi um evento isolado. Ele faz parte de uma sequência de trocas intensas entre Israel e Irã iniciadas quatro dias antes, quando as Forças de Defesa de Israel lançaram bombas sobre bases militares e instalações nucleares em território iraniano. Imagens de satélite, divulgadas por agências internacionais, confirmam que áreas em Big Hane e Isfahan, regiões-chave para o programa nuclear iraniano, sofreram danos consideráveis, incluindo destruição parcial de convertedores de urânio e bases de mísseis balísticos.
Como resposta quase imediata, Teerã disparou mísseis contra cidades israelenses, atingindo áreas civis e resultando na morte de ao menos oito pessoas. Sirenes anti-aéreas soaram de Tel Aviv à fronteira norte, alimentando o pavor em uma população já impactada por anos de incertezas. O ciclo de ataques e contra-ataques mostra clara escalada: civis e estruturas essenciais não estão mais fora da linha de tiro.
O governo iraniano classificou o ataque aéreo à TV estatal como crime de guerra, declarando luto nacional. Diplomatas do país tentam apoio externo e prometem retaliar na “mesma moeda”. Israel, por outro lado, sustenta que mira apenas ativos militares e operações estratégicas, apesar dos danos colaterais em áreas civis. O clima de normalidade sumiu das ruas de Teerã e Tel Aviv, e pela primeira vez em anos, ambos os lados assumem ofensivas abertas, sem recuar nos discursos ou no campo de batalha.
Entre vidas perdidas, estruturas atingidas e medo espalhado, a disputa entre Israel e Irã ganhou novo contorno — agora, mais imprevisível, brutal e cada vez mais longe de uma trégua real.
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