Erro fatal no cockpit após colisão com aves
O acidente com o voo Jeju Air 2216, ocorrido em 29 de dezembro de 2024 no aeroporto internacional de Muan, Coreia do Sul, chocou o país e deixou o mundo da aviação em alerta. O painel de investigação da Aviação e Ferrovia Sul-coreana (ARAIB) revelou que o erro de piloto foi o fator central: depois que o avião foi atingido por um bando de patos selvagens Baikal teal, o comandante acabou desligando o motor esquerdo (motor um), quando deveria ter interrompido o motor direito, que estava seriamente danificado pelo impacto com as aves.
Esse desligamento equivocado provocou a perda total de potência a bordo. A situação se agravou porque, sem energia suficiente, os pilotos não conseguiram acionar corretamente os sistemas do trem de pouso. Como resultado, a aeronave ultrapassou o limite da pista, colidiu com um bloco de concreto e logo incendiou, causando uma das maiores tragédias aéreas recentes na Ásia, com 179 mortos.

Gravações e críticas ao relatório
Ao analisar as gravações da cabine, peritos identificaram claramente a intenção do comandante: desativar o motor dois, localizado à direita e mais comprometido após o choque com os patos. Porém, na pressa da emergência e em meio à confusão, ele acionou o botão do motor esquerdo. Os investigadores confirmaram esse erro com base nos dados gravados de voo e nas posições dos interruptores encontrados nos destroços.
Outro ponto agravante foi a tentativa dos pilotos de executar uma aterrissagem apressada na direção oposta à prevista para aquela pista, contrariando os manuais e criando um cenário caótico ainda mais difícil de controlar.
Os familiares das vítimas, informados sobre as conclusões em reunião fechada em 19 de julho de 2025, não aceitaram passivamente a versão oficial. Eles afirmam que o relatório negligenciou possíveis problemas estruturais na pista e falhas mecânicas da aeronave. A ARAIB chegou a enviar as turbinas para análise na França e garantiu que não havia defeitos anteriores ao acidente.
Apesar das contestações, o episódio fez as autoridades de aviação endurecerem as regras: todos os modelos Boeing operando na Coreia do Sul agora passam por inspeções extras nos interruptores de combustível. Esse movimento segue também o que foi feito na Índia após um acidente semelhante com um voo da Air India.
O debate sobre segurança e cultura de prevenção em companhias aéreas coreanas continua. Especialistas cobram não só revisão dos treinamentos de pilotos, mas também investimentos em infraestrutura aeroportuária e análise detalhada de acidentes, sem descartar fatores humanos, ambientais, técnicos e de gestão.
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