Mudanças e disputas internas agitam bastidores da política catarinense
O clima dentro dos principais partidos em Santa Catarina está mais turbulento do que nunca. Nos corredores da Assembleia Legislativa, pouca gente fala abertamente, mas todo mundo percebe os sinais de que a briga por comando e espaço aumentou nos últimos dias. Um nome que apareceu na berlinda foi o de Carlos Humberto Silva, ex-líder do governo na Alesc, que agora se vê colocado de lado justamente quando se esperava mais protagonismo. Ele perdeu cargos estratégicos e teve sua influência reduzida, o que pegou muitos de surpresa — e deixou ainda mais clara a tensão entre aliados e o governador Jorginho Mello.
Enquanto isso, outro movimento chama atenção. Júnio Cardoso, que foi expulso do PRD e chegou a negociar a ida para o PL, esbarrou na falta de espaço na legenda, dominada por nomes tradicionais e sem muito apetite para novas lideranças. Mesmo assim, Jorginho não descartou apoiar Cardoso, mas a solução encontrada seria encaminhá-lo para o Podemos, partido de Ana Paula da Silva (a Paulinha) e Camilo Martins, antigos aliados do governador. Essa manobra mostra como Jorginho tenta manter aliados por perto sem comprometer o poder de sua própria sigla.
Nos bastidores, fala-se que a articulação de Paulinha com Cardoso é pura estratégia para deixar o Podemos mais forte, aproveitando a instabilidade e as portas meio fechadas de outros partidos. E isso respinga diretamente nos planos do partido para as próximas eleições, já que cada novo integrante pode pesar quando o assunto é formação de base no parlamento e maior espaço nas disputas municipais.
Incômodo com fusão e olho nas próprias carreiras
O jogo de cadeiras está movimentado. Lucas Neves, deputado estadual do Podemos, não esconde dos colegas o desconforto após o anúncio da fusão com o PSDB. Para ele — e para muitos —, a união mais atrapalha do que ajuda sua caminhada política. Palavras como 'nada está descartado' são ditas com frequência. Lucas pode ser o próximo a trocar de sigla, dependendo de quem oferecer melhores perspectivas e menos ruídos.
O vaivém de deputados de um partido para outro nunca foi novidade, mas o contexto atual traz um ingrediente extra: o receio de perder espaço ou acabar sem legenda forte nas próximas eleições municipais e, principalmente, na briga por cargos estaduais em 2026. O Podemos, com a fusão em curso, passa por um momento difícil de reposicionamento — e todos querem garantir que não ficarão para trás.
No meio dessa confusão, o governador Jorginho Mello se mexe para evitar novas surpresas. Depois que a sua base sofreu um baque com o voto inesperado contra o reajuste para o setor de segurança, Mello determinou que Ivan Naatz, deputado do PL, retorne ao núcleo central da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O objetivo é claro: fiscalizar cada projeto, impedir traições e antecipar qualquer movimento fora da linha. Com isso, Mello deixa escapar que teme novas dissidências e quer segurar cada centímetro de poder na Assembleia.
Nos bastidores do governo, fontes próximas confidenciam que a ordem é não dar margem para 'faíscas soltas'. Episódios como o de Sargento Lima — que liderou um voto contrário em plena base governista — viraram alerta vermelho. O clima, entre aliados, é de desconfiança e de olhos bem abertos em cada votação e articulação no parlamento catarinense.
Por tudo isso, o tabuleiro político em Santa Catarina está longe de acomodado. Quem acompanha de perto sabe que os próximos capítulos ainda reservam surpresas, alianças inesperadas e muita disputa de bastidores. Quem dorme no ponto, arrisca acordar sem partido — ou sem mandato.
Comentários (7)
Jociandre Barbosa de Sousa
maio 6, 2025 AT 21:52
A política catarinense sempre foi um circo, mas agora parece que os palhaços estão com os microfones e os políticos estão nos bastidores. A troca de aliados não é novidade, mas a desconfiança aberta é algo novo. Não adianta fingir que tudo é estratégia: é pura sobrevivência política.
Bruna Pereira
maio 7, 2025 AT 08:26
É triste ver como a política se tornou um jogo de xadrez onde as pessoas não têm princípios, apenas interesses. A fusão do Podemos com o PSDB não é um avanço, é um sinal de desespero. Quem realmente se importa com o povo quando o único objetivo é manter o poder? Essa geração de líderes parece ter esquecido que foram eleitos para servir, não para se proteger.
Stephanie Robson
maio 8, 2025 AT 17:24
Tudo isso é só teatro. Ninguém acredita mais nisso.
Cleberson Jesus
maio 10, 2025 AT 08:56
O que tá acontecendo em Santa Catarina é um reflexo do que tá acontecendo no Brasil inteiro. A falta de identidade partidária, a busca por sobrevivência eleitoral, o medo de perder espaço... É um ciclo vicioso. O Jorginho tá tentando segurar o que sobrou da base, mas sem projeto real, só manobras. O problema maior é que ninguém tá falando em soluções, só em quem vai sair ganhando na próxima rodada.
Mark Nonato
maio 11, 2025 AT 13:27
Essa história toda é uma aula de como a política regional funciona. O Podemos tá sendo usado como lixeira de aliados incômodos. Júnio Cardoso não está sendo apoiado, está sendo descartado com um rótulo novo. E Lucas Neves? Ele tá esperando o melhor lance, como todos. A fusão com o PSDB é um erro estratégico, não uma aliança. O eleitor catarinense não é burro, ele tá vendo tudo e vai cobrar no voto.
ELIAS BENEDITO GONÇALVES MOTA MOTA
maio 12, 2025 AT 16:22
Toda essa confusão é porque ninguém tem coragem de ser líder. Sargento Lima fez o que todo mundo pensa mas ninguém ousa fazer. O governador tá com medo de um voto contrário? Então que ele pare de governar e vire diretor de teatro. A política não é teatro é poder real e quem não entende isso merece ser varrido da história. E o Podemos? É só um nome que ainda não foi apagado do papel.
Marcos Gomes
maio 12, 2025 AT 16:59
Apesar de tudo o que está acontecendo, ainda acredito que é possível reconstruir a confiança na política. As mudanças que vemos hoje, por mais caóticas que pareçam, são sinais de que algo precisa ser repensado. Talvez seja o momento de os cidadãos exigirem mais transparência e menos manobras. Não é hora de desistir, é hora de engajar. Cada voto, cada voz, cada atitude pode fazer a diferença. Vamos nos manter atentos e não deixar que o cinismo vire regra.