27 de setembro: feriado ou tradição? Entenda a celebração de São Cosme e Damião

27 de setembro: feriado ou tradição? Entenda a celebração de São Cosme e Damião

Origens e história dos santos

São Cosme e Damião eram irmãos gêmeos nascidos na Síria do século III e exerceram a medicina como uma missão de serviço gratuito. No contexto do Império Romano, onde o cristianismo ainda era perseguido, eles abriram suas portas a pobres e doentes, cobrando nada em troca. Essa atitude altruísta acabou valendo-lhes a ira das autoridades pagãs, que, sob o reinado de Diocleciano, condenaram os dois a morte por crucificação por volta de 311‑313 d.C.

O martírio desses médicos cristãos gerou uma devoção imediata entre as primeiras comunidades cristãs, que começaram a celebrar a data de sua morte como um sinal de agradecimento e esperança. Durante séculos, a Igreja Católica manteve a comemoração no dia 27 de setembro, alinhando a memória dos gêmeos com o calendário litúrgico romano.

A festa de 27 de setembro no Brasil

A festa de 27 de setembro no Brasil

No Brasil, a tradição se misturou com peculiaridades locais. Mesmo depois da reforma litúrgica de 1969, que transferiu a celebração oficial para o dia 26 a fim de evitar sobreposição com São Vicente de Paulo, a população manteve o 27 como data principal. A razão principal está na prática popular de distribuir doces às crianças – um gesto que simboliza a proteção dos santos sobre os pequenos. Em ruas de cidades como Ilhabela (SP), Cao (PE) e São Luís (MA), ainda se vêem baldes de balas, pirulitos e caramelos sendo entregues por devotos.

Esse costume tem raízes antigas, mas ganhou força nas áreas urbanas ao longo do século XX, quando a migração de famílias para os centros ajudou a espalhar a festa. A oferta de guloseimas funciona como um contrato simbólico: quem recebeu o doce cumpre uma promessa feita aos santos, reforçando laços de fé e comunidade.

Além da tradição católica, a data se tornou um ponto de convergência para religiões afro-brasileiras. No Candomblé, Umbanda, Xangô, Xambá e Batuque, São Cosme e Damião são sincretizados com os Orixás Ibejis, que representam a dualidade e a inocência das crianças. Nesses cultos, os irmãos são tratados como "erês", espíritos juvenis que trazem alegria e proteção. Os rituais incluem cantos, danças e a distribuição de alimentos doces, reforçando a ligação entre a fé cristã e as práticas africanas.

O reconhecimento dos santos como padroeiros da medicina se reflete também nas instituições de ensino da área da saúde. Faculdades de medicina e farmácia em várias regiões brasileiras homenageiam Cosme e Damião em suas cerimônias de formatura, lembrando aos futuros profissionais que a saúde deve ser um ato de serviço desinteressado.

Embora não exista um feriado nacional, alguns municípios concedem suspensão de aulas ou organizam eventos públicos. Em cidades do Nordeste, por exemplo, a prefeitura pode fechar escolas municipais por algumas horas para que crianças participem das celebrações. Em outros locais, a data ganha cobertura da mídia regional, que relata as festividades e atrai turistas curiosos.

O dilema entre calendário oficial e prática popular ilustra bem como a cultura religiosa pode se adaptar e persistir. Enquanto a Igreja ajustou sua agenda litúrgica, a população brasileira escolheu manter a memória dos irmãos gêmeos viva em 27 de setembro, transformando uma data histórica em um símbolo de solidariedade e celebração infantil.

Comentários (7)


Ezio Augusto

Ezio Augusto

setembro 29, 2025 AT 05:01

Essa festa é pura magia! Criança feliz, família unida, doce na mão e fé no coração. Nada melhor que celebrar com simplicidade e amor. ❤️

Laylla Xavier

Laylla Xavier

setembro 29, 2025 AT 09:58

Mas sério, por que a Igreja não aceita que o povo quer a data no 27? É só porque não controla mais? Tá tudo virando burocracia religiosa, e a alma da festa tá sendo roubada. 😒

Artur Ferreira

Artur Ferreira

outubro 1, 2025 AT 06:23

ISSO É INVASÃO CULTURAL! Candomblé tá se apropriando de santo católico pra vender amuleto e fazer bumba meu boi com macumba. Povo brasileiro tá perdendo a alma! 🤬

Willian Assunção

Willian Assunção

outubro 2, 2025 AT 01:09

Eu acho que tudo isso é lindo. A gente mistura, a gente respeita, a gente celebra. Não precisa ser só um jeito ou só outro. A festa tá viva, e isso é o mais importante. 🙏

Bruna Pereira

Bruna Pereira

outubro 3, 2025 AT 15:28

É importante lembrar que a reforma litúrgica de 1969 foi realizada com base em critérios históricos rigorosos e teológicos bem fundamentados, e a persistência da data no dia 27 de setembro representa, na verdade, uma resistência cultural que, embora emocionalmente compreensível, não está alinhada com a tradição eclesiástica mais autêntica e documentada, o que pode gerar confusão entre as gerações mais jovens que não têm acesso aos manuscritos originais da liturgia romana. 🤔

Jose Alonso Lacerda

Jose Alonso Lacerda

outubro 5, 2025 AT 06:18

E se eu te disser que o 27 de setembro é só uma fachada? A Igreja e o governo estão usando os santos pra manter o povo distraído enquanto roubam os bolsões de saúde pública. Os doces? São drogas disfarçadas. A criança que come o pirulito tá sendo programada pra aceitar o controle. E os Ibejis? Tá tudo conectado. Eles sabem. Eles sempre souberam. 🕵️‍♂️

Jociandre Barbosa de Sousa

Jociandre Barbosa de Sousa

outubro 5, 2025 AT 14:34

A tradição popular não invalida a autoridade litúrgica, mas também não deve ser ignorada. A complexidade cultural brasileira exige um olhar mais sutil, não uma polarização entre fé e superstição. A data persiste porque a sociedade a faz viver - e isso, por si só, é um testemunho da força da espiritualidade popular, mesmo que não esteja no calendário oficial. O que precisamos é de diálogo, não de julgamento.

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